Cachecol

by - dezembro 28, 2024




O cachecol ficou com ele. E, de alguma forma, isso doía ainda mais nela. Saber que estava lá, nas mãos dele, no espaço dele, era como se uma parte dela tivesse ficado também.

Ela não sabia se ele ainda usava o cachecol ou se o havia deixado esquecido em algum canto. Mas só de imaginar, sentia o peso do que aquilo significava. Aquele cachecol carregava mais do que calor; carregava lembranças. Cada fio daquele tecido guardava as risadas que haviam dado juntos, os momentos em que o mundo parecia simples e até os silêncios que começavam a afastá-los.


Ela ainda lembrava do dia em que ele dissera que tudo na casa dele lembrava dela. Naquele momento, ela não demonstrou, mas por dentro algo se quebrou. Porque ela sabia que, entre todas aquelas coisas, estava o cachecol. Ele era uma memória viva do que eles haviam sido, uma peça que ela poderia ter pedido de volta, mas não conseguiu. Talvez, no fundo, ela soubesse que ele pertencia mais a ele do que a ela.

E agora, mesmo longe, o cachecol continuava a machucá-la. Não porque ela o quisesse de volta, mas porque ele havia ficado. Ficou ali, com ele, assim como uma parte deles, presa em um lugar onde nem o tempo parecia capaz de apagar.

Mas, apesar de tudo, mais do que o cachecol, ela queria que ele ficasse bem. Queria que o cachecol o aquecesse nas noites frias e que, de alguma forma, trouxesse conforto. Ela desejava que ele encontrasse paz, mesmo quando as memórias tentassem pesá-lo. 

Porque, por mais que doesse admitir, ela ainda se importava. Sempre se importaria...

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